A política de crédito é a ferramenta mais importante para empresas que trabalham com a concessão de crédito. Trata-se de um documento fundamental para definir e guiar as diretrizes que vão ditar o sucesso – ou fracasso – da operação de crédito na companhia.
Esse documento envolve uma série de decisões que contemplam tanto a organização quanto seus clientes e fornecedores, visando diminuir o risco das operações de crédito, garantir mais segurança quanto aos dados dos mutuários e manter um capital de giro sempre saudável.
Em um país onde o acesso ao crédito está cada vez mais difícil, empresas se movimentam para aderir à tendência do Credit as a Service (CaaS) no Brasil e criar seus próprios produtos de crédito.
Logo, diante desse cenário, preparamos esse conteúdo para explicar tudo o que envolve uma política de crédito. O que é, dicas para criá-la e aplicá-la, além das utilidades e cuidados desse recurso para companhias que concedem crédito. Acompanhe a leitura e descubra mais.
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O que é uma política de crédito?
A política de crédito é um conjunto de diretrizes e critérios estabelecidos para determinar todas as condições necessárias à concessão de crédito. Ela é criada com base nas necessidades e objetivos do negócio, bem como na análise dos riscos de inadimplência dos seus clientes, por exemplo.
Uma política de crédito bem fundamentada garante que todos os envolvidos na operação estejam na mesma página. O resultado é um processo consistente no qual os colaboradores sempre podem confiar, eliminando qualquer ambiguidade no processo de gestão de crédito e cobrança.
A importância de uma política para empresas que concedem crédito
Uma política de crédito é essencial para as organizações que têm – ou pretendem ter – uma operação de crédito por várias razões. A gestão de riscos é uma das mais importantes, mas não a única.
Ao reunir diretrizes essenciais para a concessão de crédito, a política facilita a prevenção aos riscos de crédito, por exemplo. Assim, fica mais fácil prever quando um cliente não terá condições de assumir um compromisso ou quando se tornará inadimplente.
Além disso, o documento também ajuda a garantir que as decisões tomadas sejam consistentes e baseadas em critérios objetivos, e não subjetivos. Dessa forma, é possível evitar situações em que alguns mutuários recebem condições de crédito melhores do que outros sem um motivo justificável.
Tudo isso se aplica também à prevenção de fraudes. Identificar pessoas que estão tentando aplicar golpes, como lavagem de dinheiro, roubo de identidade ou corrupção, poupa a empresa de uma comprometedora perda financeira.
E por falar em perda financeira, a política de crédito permite um maior controle financeiro através de estratégias sobre como contornar todas essas situações, sendo uma ferramenta chave para controlar suas finanças, estabelecendo limites de crédito apropriados e prazos bem definidos.
3 tipos de política de crédito e suas diferenças
Existem algumas políticas de crédito mais rigorosas e com cobranças liberais, assim como também há outras liberais com cobranças mais rigorosas. Por isso, é importante conhecer os diferentes tipos de política de crédito e como variam de acordo com os objetivos do negócio e seu apetite para o risco.
Mas quais são os tipos de política de crédito? Confira os três principais abaixo.
- Política de crédito conservadora
- Política de crédito moderada
- Política de crédito agressiva
Política de crédito conservadora | Política de crédito moderada | Política de crédito agressiva | |
Nível de risco | Baixo | Médio | Alto |
Critérios de crédito | Rigorosos | Balanceados | Flexíveis |
Taxa de inadimplência | Baixa | Média | Potencialmente alta |
Volume de vendas | Pode ser limitado | Balanceado | Potencialmente alto |
Perfil de cliente | Mais estável financeiramente | Variado | Clientes de maior risco |
Política de crédito conservadora
Uma política conservadora é aquela em que a empresa assume um risco de crédito muito baixo. Isso significa que a mesma é muito seletiva sobre para quem oferece crédito e sob quais condições.
Organizações que adotam uma política de crédito conservadora geralmente também veem taxas de inadimplência menores, mas também podem perder oportunidades de ganhos maiores. Ou seja, a vantagem desse tipo é a minimização das perdas, mas, por outro lado, também acaba limitando a possibilidade de um maior número de solicitantes.
Política de crédito agressiva
É exatamente o oposto da política conservadora. Uma política de crédito agressiva pode ser aplicada a empresas mais adeptas ao risco e que buscam abranger um maior número de clientes.
Isso significa que elas estão dispostas a conceder crédito a potenciais mutuários que podem ter um histórico de crédito menos do que perfeito ou oferecer termos de crédito bem mais flexíveis. Embora essa abordagem possa levar a um aumento no número de clientes, também pode resultar em uma taxa de inadimplência mais alta.
Política de crédito moderada
Entre o perfil agressivo e o conservador, temos a política moderada. Como o próprio nome sugere, essa política de crédito pode variar de acordo com o equilíbrio entre o risco e o potencial de retorno buscado pela companhia.
Elas estendem crédito a uma ampla gama de clientes, mas ainda mantêm padrões razoavelmente rigorosos para minimizar o risco de inadimplência.
Ao escolher uma política de crédito, as empresas devem considerar vários fatores. Isso inclui a natureza de seus produtos ou serviços, a concorrência no mercado, a saúde financeira geral da empresa e a capacidade da empresa de absorver perdas.
Além disso, empresas diferentes podem se beneficiar de políticas de crédito diferentes dependendo do ciclo econômico. Por exemplo, em tempos de incerteza econômica, uma política mais conservadora pode ser apropriada, enquanto em tempos de crescimento econômico, uma política mais agressiva pode ser benéfica.
7 passos para criar uma política de crédito eficiente para a sua empresa
A política de crédito deve ser criada através de um processo estruturado que envolve diferentes etapas. Por se tratar de um conjunto de normas e critérios determinados, é preciso que cada passo seja realizado criteriosamente para assegurar um documento eficaz e realista.
Por isso, preparamos um passo a passo detalhado para a criação de uma política de crédito eficiente:
- definir objetivos e metas;
- coletar e analisar dados;
- definir os termos e condições de concessão de crédito;
- criar um processo de solicitação de crédito;
- elaborar o procedimento de gestão de risco e cobranças.
1. Definir objetivos e metas
Antes de criar uma política de crédito, é importante definir objetivos e metas claras. Isso pode incluir a determinação do público-alvo, o valor máximo de crédito a ser concedido e a taxa de juros que a empresa espera cobrar.
Os objetivos podem ser traçados a partir da colaboração entre os profissionais envolvidos na operação de crédito e o time de vendas, por exemplo. Ao estabelecer contato, a equipe comercial consegue transmitir fielmente as necessidades, dificuldades e como os clientes são afetados com as oscilações do segmento no qual atuam.
2. Coletar e analisar dados
Sua empresa deve definir como coletar informações sobre a situação financeira dos mutuários em potencial, bem como informações sobre a concorrência e as tendências do mercado. Esses dados podem ser obtidos através da análise de crédito, por exemplo.
Essa análise pode fazer uso de informações coletadas junto a Bureaus de Crédito, que fornecem relatórios financeiros completos sobre os clientes. Além disso, também é possível colocar o conceito Know Your Customer em prática, um processo de identificação e monitoramento de clientes de alto risco.
Entre os dados mais importantes para a coleta e análise, destacam-se:
- histórico de crédito;
- capacidade de pagamento;
- garantias e recursos do solicitante;
- contexto econômico e finalidade do crédito solicitado;
- entre outras.
Com base nos dados captados e nas metas estabelecidas, a empresa deve criar critérios claros para determinar a elegibilidade dos clientes para crédito.
3. Definir os termos e condições da concessão de crédito
Com base nos critérios de elegibilidade, chega a hora de definir os termos e condições da concessão de crédito. O termo deve conter uma descrição detalhada do tipo de crédito oferecido, incluindo taxas de juros, prazo de pagamento, valor mínimo e máximo.
Informações sobre quaisquer penalidades ou encargos adicionais que possam ser aplicados em caso de atraso ou falta de pagamento devem estar presentes no documento. Da mesma maneira, os procedimentos que serão usados em caso de cancelamento do crédito, incluindo avisos prévios e possíveis taxas ou encargos também precisam ser descritos.
Outro fator de extrema importância é a declaração clara e precisa sobre como as informações pessoais da carteira de clientes serão tratadas e protegidas pela empresa. Com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) em vigor, é necessário ainda mais cuidado com os dados pessoais.
4. Criar um processo de solicitação de crédito
A companhia deve desenvolver um procedimento claro e de fácil entendimento para os solicitantes de crédito. Isso inclui um formulário de solicitação de crédito, informações sobre a documentação necessária e outras orientações.
Aqui, vão duas dicas práticas a mais para criar um processo de solicitação de crédito ideal:
- automatize-o sempre que possível usando tecnologias que ajudam a agilizar o processo e reduzir o erro humano;
- treine sua equipe para avaliar as solicitações de forma consistente e justa.
Não deixe de fornecer um feedback claro e transparente aos candidatos sobre o status de suas solicitações de crédito, incluindo renovações, informando as razões pelas quais elas podem ter sido negadas. Lembre-se: nem tudo é só cobrança, agradeça aos clientes que honram seus pagamentos em dia!
Por último, faça uma revisão periódica para garantir que o processo esteja funcionando de maneira eficaz, e faça ajustes conforme necessário.
5. Elaborar o procedimento de gestão de risco e cobranças
Por fim, mas não menos importante, é necessário estabelecer um processo de gerenciamento do risco de crédito. A política contempla a definição de medidas preventivas e reativas à inadimplência, por exemplo, que vão desde os limites de crédito até as garantias suportadas.
A gestão de crédito também deve decidir quais serão as etapas de cobrança a serem seguidas em caso de atrasos no pagamento. Notificações por escrito, ligações telefônicas, envio de cobranças, negociações e, em casos extremos, medidas legais deverão ser prescritas na política para que o processo seja totalmente transparente.
O cenário brasileiro para empresas que criam suas políticas de crédito
No Brasil, as políticas de crédito são influenciadas por um conjunto de leis, regulamentos e práticas que visam equilibrar a necessidade de proteger os mutuários e permitir o livre comércio e a concorrência.
O Banco Central do Brasil (BCB) é o principal órgão responsável pela supervisão e regulamentação da concessão de crédito no país. O BCB implementa políticas e regras para assegurar a estabilidade do sistema financeiro e proteger os interesses dos consumidores.
Além disso, a Lei de Proteção ao Consumidor também tem influência significativa na política de crédito, pois estabelece os direitos dos consumidores e as obrigações dos fornecedores de serviços financeiros.
Algumas das regulamentações específicas que as empresas que concedem crédito precisam considerar. Confira abaixo as principais.
- Política de Juros: as taxas de juros são liberadas, ou seja, os bancos podem cobrar o que quiserem, desde que não seja considerado “usura”, um tipo de exploração que é ilegal.
- Divulgação: as empresas devem fornecer informações claras e completas sobre os termos do empréstimo, incluindo taxas de juros, quaisquer taxas adicionais e o custo total do crédito.
- Práticas de cobrança: a Lei de Proteção ao Consumidor tem regulamentos específicos sobre como e quando as dívidas podem ser cobradas. Por exemplo, é ilegal ameaçar ou assediar um devedor.
- Avaliação de crédito: quem concede crédito deve adotar procedimentos de avaliação de crédito responsáveis para garantir que os consumidores não sejam sobrecarregados com dívidas que não podem pagar.
Desafios e oportunidades da política de crédito no Brasil
Os desafios para as empresas de crédito no Brasil incluem um ambiente regulatório complexo e em constante mudança, bem como altas taxas de inadimplência.
Além disso, estamos no país onde há uma das maiores taxas de juros do mundo. Isso torna o crédito caro e dificulta o acesso para os consumidores com rendimentos mais baixos. No entanto, também existem oportunidades.
A população brasileira é grande e diversificada, e há uma demanda crescente por serviços financeiros, incluindo crédito. A digitalização e a inovação tecnológica estão abrindo novas possibilidades para a concessão de crédito de maneiras mais fáceis e acessíveis.
O movimento de criação de Fintechs as a Service tem possibilitado empresas a criarem seus próprios produtos financeiros, acompanhado pela tendência do Credit as a Service no Brasil (CaaS), especificamente para operações de crédito inovadoras.
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